Sonntag, August 30

um outro.

Ao braço dele estava de pronto. Sempre nas suas falências, nos meus erros, nas nossas divagações, estávamos lá de braços unidos. Às vezes escorregávamos abismos, aflições e risos. Por ora sempre interlaçados por uma espécie de cordão umbilical-pensamento. Quando fomos afastados, percebendo-nos sós, o meu braço agitou-se muito triste, reclamando a presença do ser único. Ele fez drama e levou meu corpo todo a agitações e ações detestáveis da vida. Ele se fez frio e gelo alguns dias. Eu Camila corpo-sem-braço pedi para que ele voltasse a cuidar das minhas outras partes. Ele ficou intacto como algo sem vida. Eu pedi para que ele me lavasse inteira e me fizesse limpa. Ele empurrou meu corpo contra a terra, me fez abrir a boca devagar, empurrou uns vermes-terra pela goela e desenhou uma linha suave partindo do queixo até o umbigo. Percorreu o corpo todo vermelho-terra. Depois pediu minha licença e retirou-se um pouco. Olhei bem para o meu corpo demarcado todo linhas grossas e malfeitas. Quentura na cor e no toque. Umas partes respiraram bem fundo, outras contraíram devagar, quase tímidas. Ali, despojada dos meus braços, fui experimentar o tronco que restava. Rolava para todos os lados, mas não havia nada que me segurasse, me fixasse num ponto. Fiquei o tempo necessário para despertar. Meus braços pediram licença devagar e foram movimentando quase como um pêndulo. Agitados, vivos aos poucos. Ainda reclamavam da quentura dos braços, aqueles outros do começo. Disse então que não se preocupassem, iríamos procurar aquilo por outras bandas. Lembrei-os que o Sol imana calor infinito e diário todas as manhãs, principalmente as mais geladas.
Desde então, temos dissipado os gelos diários com o calor dos nossos toques diários.

Keine Kommentare:

Kommentar veröffentlichen