Montag, November 30

velha visita.

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Tá bom, de tão fraquinha fez-se decidiu encher o peito de dor sincera rugir - chega de sinthomas fracos rapaz, ursos velhos usos devora-me inteira sem meiadilações esses assaltos poucos um pouco de escrita jogado aos pombos velhos donos dos abandonados lugares vivos - um amigo disse-me: zeladores esses que cuidam paixões e construções antes povoadas.
Cansada da velha romantização da loucura - porque será que buscam buracos-negros dentro da alma? a vida é para poucos meu bem, não desfaleça hoje não terá epitáfios escritos na lápide, habitará limbos e infernos esquecidos. Esses negros arrombos d'alma, desavisados visitam por graça e não mais voltam - ficam presos no cair de poços e poços e há, nem conseguem jogar uma corda-bamba que seja para que os salvem. Não me fale do que nunca visitou. Se foste humilde criatura teria medo de ter convulsões e morrer toda vez que desses busca à essas que não são das suas pujanças. Sensação de sufoco - mais dois comprimidos antes que eu desfaleça, por favor. Insisto - preciso continuar até que o coração pare os batimentos e alguém dê falta de minha presença. Prossigo uns poucos passos não aguento - loucura é dor que bate à porta, a ninguém desejo, uns murmurinhos ressoam na caixa cabeça estremecem corpo inteiro arrepios e medo músculos contraem jogada ao canto, povos, nações por favor cantem a desgraça assolem nossas novas vidas com um pouco de mesquinhez e covardia. Tomas existência como romance vida tépida um pouco talvez, rezas para ter coragem de pagar uma noite à um vadio puto de esquina - leve-me coragem solte-me estrelas conhecerei o oceano vazio chão de mares?


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Donnerstag, November 26

gramas.

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Escutando o barulho das ruas, caminhantes de rodas travessias - queria um lugar especial para estender seus panos e começar a ceia. As árvores recém-plantadas formavam caminhos pontos de fuga na paisagem. Andou por uma centena e achou pequenina porém bem mais formada que as outras e um quadradinho de grama para sentar-se ao lado de pombas e um riacho de bostas. Abriu o pano delicadamente olhando para os lados - ninguém notou nem sequer notaria sua presença quase-nada um peso leve no corpo. Sentou-se como sentam-se rainhas e grandes majestades nos seus tronos aveludados tendo aos pés súditos e aplausos vários de todas as direções. Sua existência merecia ser aplaudida. Como assim ser dona de um par de mãos sequer nem um barulho digno-me a oferecer? Pensou e logo achou resposta. Abriu os potes sentada na toalha sobre o quadradinho de grama. Sentiu cheiro de verdura passada uma torta azeda da vizinha e um pouco de suco de caju. Fechou os olhos lentamente, esperou um pouco sinal de fraqueza ir embora, esboçou leve um sorriso foi ter um pouco os passarinhos e antes de mais nada, antes que começassem a notar pôs devagar a mesa estendeu os varais alma cheia, habitada por muitas roupagens, lavagens de muitos seres todos limpos, sem manchas ou marcas de usos passados. Digna, viu-se dona de uma maré e pensou mentiras absurdos vários curvou-se ao Seu divino, serviu-se um pouco de verduras cozidas agradeceu a si mesma e gargalhou liberdade. Riu alto, colheu uns matos ao redor e deu-se de presente aquela sensação enchida no peito. Alegria comedida uns sorrisos tímidos e percebia um segredo que todos aqueles andantes transeuntes moleiras sujos nem sequer imaginavam. Era dona de um reino, novamente varal roupas limpas estendidas seus súditos tocavam sua face como tocam O sagrado, venerável. Horas e horas, banquete feito, recolheu-se e recolheu os trapos, novamente árvores pequeninas coração leve cheio ausências um pouco supridas caminhante do mundo levando um reinado nas costas.


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Clarices

e falava que escrevia o simples...




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'Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca ou não toca'

Para Clarice, um pedaço de minha vida


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Dienstag, November 24

pés no barro,

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Sim, quero falar também do podre dos dias. Ser também escarro, demônio aberto caixa desagradáveis surpresas que pulam, perguntas: 'de que morte morrerás agora?' Quais são as mortes do amanhã? Quais mortes me povoam agora? Morri - ressurjo novamente não tão tarde sob pretextos de arrastos solitários carne pesada e crua passos lentos corpos caídos.
Quem são os mortos? Chega - desarraigar esses que me tomam arrebatamentos sem sentido perder tempo com loucuras dos outros [não estou para isso não]. Por favor não faça-se vítima, meus mortos estão acordados, olhos abertos, observam esses movimentos teus almas e corpos sujos, enlamaçados você se esfregou bem querida mas esqueceu-se das unhas e pés fétidos no barro. O cu ficou intacto fez sexo ontem com a sua outra, ela pediu devagar e você fodeu gostoso agora de ressaca consciência pesa. Fodeu a sua outra como quem fode o baixo, a sua merda subordinações e agora quer ter com deus. O Deus. Implora-lhe custos baixos e talvez até uma alforria mas nem dá-se o luxo de imaginar quem lhe prende os pés à lama. Talvez às porcas vadias ofereça seu testamento até a hora um segundo antes de partir - mal partindo, pois, terá a máxima o juramento eterno: 'Quero os bastardos daquela vila! Borrarias não quero mais os meus trapos limpos!' Ouvirá a risada Dele, Ele que negou-lhe onipotência e seus prazeres dor dos outros.  'Borrarias vá em outra freguesia, inferno talvez - desejo-lhe sorte nessa tua morte, poderás convocar-me quando quiseres, para que eu te espie de longe.'
Dores de solidão foram essas que sentia agora - cansaço extremo, pousou um pouco a cabeça ao mar, imagem, fez-se um pouco contente : 'Deus compreende minhas dores, extirpas esses mal cansaços que instalam-se em dobras de corpo, faz-me ser mais.' 
Deitada depois do dia povoado pessoas inúmeras chamadas - eu lhes chamei - monstros, mortos, povoar sementes términos túmulos ver-se enterrada em suas caveiras misturando o de fora com o de dentro quis pôr ordem aos berros. Os de fora foram - paisagens apenas penugens pouco presas ao corpo os de dentro luta eu e meus senhores, minhas entidades, divindades, seres todos esses bens e irrequietos prazeres portando armas assasinos presos na garganta vontade de te matar, querida, jogar-te num poço cheio ácidos leões, matas um leão por dia? Tens a corriqueira rotina desejada de estar uns nos buracos dos outros e sobrevivência? Nada sabes tu da vida, gloriosa e maldita



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Montag, November 23

Quanto à Ti...

Agradeceria aos muitos instantes e cobraria uns poucos mais. Uns nos bolsos do outro, enlaces e verdades não-ditas. Tudos em nuvens nuvens povoadas várias camilas situações-camila. Formalidades não tenho, posso lhe ofertar minhas nuvens muitas coloridas a serem compartilhadas, pisadas pés descalços desmanches incertezas construções castelos habitando o ar.




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Quereria eu escrever coisas poucas, um pouco mais suave a vida encarregando as nossas vias todas, não importar-se tanto a dor de mim mas a dor dos outros. Quereria renegá-la ao abismo dizer - 'não estou mais aqui, encontre-me em outros lugares.' Na verdade lhe disse isso uma vez, a dor instalada na pele superfície porosa e eu inocente que era dei de mãos aos céus, agradecida. Esperta que era, deu de voltas uns tempos e achou outro lar para habitar, agora mais profunda. Profundo também era o lar, repleto de nichos e lugares - instalações férteis enraizadas estar por todo o tempo sem respiros lugar quente sol árido perpétua vastidão essa que me assola.
Discutiria as minhas dores menos, se um dia as tivesse feito minhas de fato. O incômodo não é pouco, por deus, cortar assim laços tão estreitos risadas tantas compreensões por olhares, toques, por-vir um sem número de relações construídas ferro fogo queria que estivesse aqui observando as mãos enlaçadas as minhas súplicas as coisas por serem ditas. Pau na mesa - cansaço, você disse, cansaço - exige fala e corpo. E tantas vezes quis isso, você bem sabe, o  eu queria uma conversa extensa cansativa e risonha - de quem compreende que os infinitos do outro duram bem mais de meia hora e meia dúzia de palavras ao ventilador. A reconciliação é conosco mesmo. A briga é com a gente.
 Esbravejei muito esse tempo agora realmente a distância reinvidicada é o melhor que temos entre a gente. Como dizem - muita lama entre as relações, quanto mais essa. Acertar os pontos com a escrita, é o melhor que tenho agora. Bem sabe você, conhecendo-me melhor que muitos.
Queria lhe dedicar músicas melodiosas a serem cantadas sóis e vento, mas não consigo. Penso em marchas compassadas velórios a te ofertar




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Mittwoch, November 18




( Pim - Consentimento da dor. )



Vontade sincera essa deve ser ver o corpo suporte de dor voluntária, ajudar nos preparativos, antecedentes, montar a maca do agonizo leve, vários traços pouco densos uns mais fortes - sangue que esvai. Primeiro sentou-se de leve, mãos apoiadas no corpo, olhos brilhantes e graves - pois sabia o que viria, e sabendo, fez-se sombra. Realmente, o que me impressionou era a vontade e força contida naqueles olhos - nenhum momento titubeou apelou aos céus inferno caiu num buraço poço de lamúrias agonia. Fez silêncios, marcou seus passos, preparou a cena. Tirou os farrapos, vestiu-se preto necessário e foi ter com as suas vozes, consciências, partos, cirurgias, medo, pulsão, morte e vida. Deitou-se leito de cama - livrai-me senhor dos atoleimados! - esfregou os últimos resquícios de luz e deixou-se marcar vermelho-sangue. Tal qual placa de cobre, abrir rastros de escuridão por sobre a claridade - ofício maldito este. Garganta um pouco seca, carne viva oferecida aos gentios, o corpo imaculado profanado, habitar de demônios - um sorriso de canto, um corte paralelo. Gemidos poucos, fez-se sudário também; o tecido embebido de assepsia cheiro de pecado, perigo. Maria madalena esfreguei seus suores de sangue, contornei suas tristezas poucas com um pouco de veneno pingado na pele - porque o veneno diz querenças, mortes, a pele sufocada. Carne trêmula, navalha na carne, desenho tirado à força, raspado, cortado, detalhado - mãos de assassino essas que me tocam por deus, mãos que pousam e mãos que marcam - carícias supremas, o correr da navalha na minha carne, sua carne que se fez minha, apropriação, projeção de um eu existente pouco na vida, eu ansioso por participar desses novos luxuriosos da vida, toque penetração a lâmina e eu. Esfrego um pouco de sangue nos lábios, bergman disse-me uma vez 'são mentiras, todas mentiras...' Nosso próximo gozo será em meio à cacos, feridas expostas, sadismos, palavras cruas, prazer violência sutil



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Montag, November 16

giacometti - para Ti,






A beleza tem apenas uma origem: a ferida, singular, diferente para cada um, oculta ou visível, que o indivíduo preserva e para onde se retira quando quer deixar o mundo para uma solidão temporária, porém profunda. Há, portanto, uma diferença imensa entre essa arte e o que chamamos miserabilismo. A arte de Giacometti parece querer descobrir essa ferida secreta de todo ser e mesmo de todas as coisas, para que ela os ilumine.







JEAN GENET, O Atelier de Giacometti

Montag, November 9

depois,

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deixar-se invadir tal qual navalha cortes na carne, descontroles. Não há espaços para fugas, perdas do controle, estar ali e derepente estar em outros lugares, sensações, sonhos amultuados é isso mesmo, essa escrita obsessiva e repetitiva, bater sempre nos mesmos pontos, não assumir o que está mais embaixo, está sob seu nariz,linda linha contínue anda traços soltos agora um desconforto na pele, talvez não goste mais de habitar esses fracassos, talvez queira um pouco rir da vida. Não há espaços para elucubrações essas paixões repentinas sintomática - falam dos deuses todos, esquecem da respiração que cria um próprio deus habitando todas essas marcas seu pulmão sujo gás lacrimogênico sujeiras imensas facilidades... facilidades. ambições, praticidades, o pé batendo suave no asfalto, milhares de bolsos. Esquecer-se de viver essa parte amarga narrativas em terceira pessoa para quem?
falo aos poucos amoras selvagens e dispersas talvez estrague um pouco os relacionamentos sufoco o tempo perdido o tempo que se perde nas coisas - demora, situações limites, estar um pouco é conveniente, não mais que isso. exigir o tudo da pessoa - até estragar...?
estar sempre, estar inteira, colher os frutos verdes e deixá-los podres ao toque. juro juro não querer isso, não querer não é não fazer. estar sempre fraca é um saco

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Freitag, November 6

cansaço

Parece que estamos todos muitos sós, é preciso que criemos outros a partir das costelas. As nossas costelas criam constelações e aí nos jogam no hospício e nos enchem de remédios. 'Pára, minha senhora! Arranjemos macacos e pensamentos para você, espera um pouquinho só'. Eles fizeram-me criar o mundo a partir do nada, então desmoronei meu corpo e vi minhas costelas pulsando, sangue dor os meus dedos tocando os outros dentro de mim. Criei companias imensas 'Não é bom que o homem esteja só' ordenaram lá de cima. O Outro quis costelas muitas reproduzidas.
Companheiros nascem da costela e do ânus, o buraco negro. O cu as constelações eles não querem crer que existam ali. 'Pensamentos, querida'. Tá, eu entendi.
Fiz bagunça com o cu e a existência das costelas. A criação, Deus e o cu. Novamente, herege remediada por todos os pensadores e cientistas. Quando explicando da teoria, fizeram-me calar a boca, 

'que pobreza por Deus...'

Donnerstag, November 5

Apagos

Pôr um texto abaixo reescrevê-lo depois, preocupar-se com os tons nuances gramática estar esquecida do ofício tentar um abajur na floresta. Estive por esses dias lá na serra, colhi bons frutos durante minha estadia nesses lugares, lugares todos esses habitados nos meus todos anos - frutos colhi, repito. As catarses acontecem raramente, mas marcam. Estive num blockbuster acesso de raiva e aí pus tudo água abaixo - aconteceu, é verdade. Na escrita a gente tenta tocar um algo que a fala truncada, rimos, rastros de primavera não deixam. É fácil ver as pessoas não desencadearem nada, um máximo é gritar roco e risos depois - sinto-me útil em comunicar-lhes isso. Não basta pensar bonitezas, vivências muitas, mastigar e pensar 'não vivi isso, mas por deus!'
O trabalho é mastigar e engolir o vômito, não deixá-lo transbordar. Quem transborda o vômito carece. Engolir seco, vertigem, sentir abrir buracos no chão e quedas, fechar os olhos redemoinhos distâncias perder referências suor frio, enxaqueca ouvir a dor dos outros como quem vive a própria - sentir o estupro do outro. Boca seca medo de sair de enlouquecer de enfartar (loucura: queda abrupta buraco negro sem fim. Estar caindo todos os dias e não ter chão para pisar );
Para entender poesia se faz necessária a entrada na narrativa estômago socos e uma pele carcumida. Ler suspirar armar rasgos elogiosos tudo bem. Eu queria vocês todos neste lado, caindo também.