Nessas terras sertaneiras, meu bem, não há nada que sobre.
Ontem eu caminhei nessas terras áridas, azuisclaras. Tínhamos nos tocado, ele com as mãos laçadas nas minhas costas, um suor frio percorria as nucas daquele povo e a nossa. Quis tocar algumas rugas, talvez me aproveitar delas, visão romântica do sofrimento alheio. Achei arrogância demais aquilo e me mantive distante. As realidades não se cruzavam, por mais que eu quisesse, forçasse a entrar naquilo.
Eu que desejava ansiosamente provar do veneno alheio, descobri-me sem janelas, portas, nada que fluísse. Um marasmo sem fim. Meus pés pouco caminhados percorrendo os quilômetros lineares de fé não-calambeantes no solo seco, infértil, pobre.
Nada a pingar por aquelas regiões. A água, pouca, evapora já nas primeiras horas da manhã. Água não protegida, enlamaçada. Se quer se alimentar, que também se suje. Juntaram algumas águas nos meus olhos, essas salgadas e escassas. Juntei-as nos meus dedos, por entre um suspiro e outro. Uma daquelas meninas descalças, desajeitadas, com plantas nos cabelos, voltou-se para mim sorrindo: ' dona, a gente chama essas águas caídas do corpo de pérolas; a gente não se envergonha disso não, nem recolhe nos dedos. A gente deixa cair forte no chão e ela espalha, fraca e úmida'.
Ontem, repito, visitei terras áridas de solo, umas rachaduras por entre os pés, vãos da falta. Nos desenhos das palmas da mão, repito. vi centenas de linhas de fé enroladas, juntas, sobrepostas, com a razão faltante e a generosidade nos olhos de quem só pode ser um gigante, um mestre da difícil arte de SER.
Ontem eu caminhei nessas terras áridas, azuisclaras. Tínhamos nos tocado, ele com as mãos laçadas nas minhas costas, um suor frio percorria as nucas daquele povo e a nossa. Quis tocar algumas rugas, talvez me aproveitar delas, visão romântica do sofrimento alheio. Achei arrogância demais aquilo e me mantive distante. As realidades não se cruzavam, por mais que eu quisesse, forçasse a entrar naquilo.
Eu que desejava ansiosamente provar do veneno alheio, descobri-me sem janelas, portas, nada que fluísse. Um marasmo sem fim. Meus pés pouco caminhados percorrendo os quilômetros lineares de fé não-calambeantes no solo seco, infértil, pobre.
Nada a pingar por aquelas regiões. A água, pouca, evapora já nas primeiras horas da manhã. Água não protegida, enlamaçada. Se quer se alimentar, que também se suje. Juntaram algumas águas nos meus olhos, essas salgadas e escassas. Juntei-as nos meus dedos, por entre um suspiro e outro. Uma daquelas meninas descalças, desajeitadas, com plantas nos cabelos, voltou-se para mim sorrindo: ' dona, a gente chama essas águas caídas do corpo de pérolas; a gente não se envergonha disso não, nem recolhe nos dedos. A gente deixa cair forte no chão e ela espalha, fraca e úmida'.
Ontem, repito, visitei terras áridas de solo, umas rachaduras por entre os pés, vãos da falta. Nos desenhos das palmas da mão, repito. vi centenas de linhas de fé enroladas, juntas, sobrepostas, com a razão faltante e a generosidade nos olhos de quem só pode ser um gigante, um mestre da difícil arte de SER.
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