Dienstag, Oktober 6

Para um alguém (in big river black)

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Há tempos pretendo essa conversa. O que está sendo difícil é dedicação tempo e ouvidos abertos. Não quero ser rebuscada nem prolixa. Não estou exigindo caras e amores e situações que extrapolam as nossas, como bons amigos que somos - ou éramos. Fato, sinto muito a falta de espaço para tratarmos de assuntos urgentes e importantes - para mim. A conversa sempre vai para outro viés e a impressão que tenho é a de que não interessa saber dessas coisas das de dentro de mim - daqui a pouco não temos mesmo um algo que nos ligue fim de semana. Sempre muito complicado para mim articular e falar desses movimentos interiores para você, que existem e existiram, as múltiplas transferências, projeções, o meu ego fraco que depositou em você um tudo de melhor, vários pedaços meus a serem reavidos, se você os largar, é claro. A nossa conversa sempre tende a uma não dedicação de sua parte, e isso eu não entendo o porquê - já lhe disse diversas vezes que seria cansativo, mas necessário à mim. Todas as suas pirações em relação à tudo que é meu, toda a sua projeção lado ruim em mim, você faz parte da sujeira também, querido, não tem como safar-se. Estamos juntos nessa, nós dois mergulhamos, nadamos pulsões de vida mas mais de morte, esquisóides que fomos desde o início. Tento reaver minha pulsão de vida, esta que está aí com você, e preciso da sua fala para reavê-la. Preciso que você tenha ao menos um pingo de afeto ainda e consiga falar e trocar comigo. Sei, posso estar pegando pesado demais isso aqui tão público exposto e tantas discordâncias mas foi o jeito que achei de furar o seu silêncio premeditado. Quando a relação é mais que você estar com o outro, mas o outro estar com você também, quando pesa para o seu lado, você espirra. Prestou atenção? Eu detesto estar escrevendo isso tudo aqui aflições e angústias e lágrimas muitas (porque desde sábado pesa sobre minh'alma uma angústia e pesar de sentir a sua resistência no lidar com as dificuldades, pensei que estaria diferente. Pensei que a teoria tinha ajudado na prática. O que não me faz nem considerar espirrar, desistir, é senso de responsabilidade. Você lembra, querido, 'tu és eternamente responsável por aquilo que cativas?' 'tu és eternamente responsável pela tua rosa?' A gente pode às vezes fugir do nosso planeta, mas a rosa estará lá esperando nosso cuidado. Nós já fomos cativados, não há mais tempo para fuga).
A conquista da outra alma se dá quando conquistamos a nossa. Você já tem essa alma conquistada? São tantas coisas a lhe falar, mas não há permissão.
Todos merecemos a morte, porque todos merecemos a vida. As duas estão intrinsicamente ligadas. Uma depende da outra para existir - respirar.
Eu queria lhe mostrar essa guinada maravilhosa que ocorreu na minha vida, e que me faz agradecer cada respiro que eu dou e cada pessoa que passa pela minha vida. Você me disse: 'Eu já senti isso, essa experiência do sagrado.' Que bom querido. Porém o que é melhor é viver isso todos os dias, estar respirando o mundo inteiro, estar habitado por tudo que nos faz ser, cada minuto, sem tempo para fofocas, maldizer, o ruim das pessoas... Tem tanta coisa bonita nesses rostos 'feios' que a gente encontra! Em todas essas carências, rudezas, ruindades, arrogâncias ditas e não ditas, orgulhos, tem tanta coisa bonita! Isso me interessa agora, não estou interessada só no que a dor fez, mas como ela foi parar lá. Ir mais embaixo.

Dizer de novo: tantas coisas a lhe falar... Sem espaço.
Um dia a gente conversa.


Um abraço bem forte daqui, dessa que sempre lhe teve como um objeto amado, precioso,
uma pérola.


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