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A caminhada é experiência. Raquel percebeu que inércia era o oposto de criação. Trancafiada no seu apartamento, olhar parado no horizonte branco estendido comprimentos a fio. Todos os horizontes encontram-se um dia, Deus lá sabe disso. Um rompante - queda brusca céu e inferno, e derepente estava ela sentada em antigas paisagens, cimentos de caminhos. Os passos, rastros todos imersos em possibilidades muitas, oeste, centro-oeste, coração, rim, tímpano, cegueira, cinismo, norte de sóis. Todoas estavam em si. O si mesma si própria, caída em farrafos na rua. Envergonhada ficou um pouco, enrubesceu, outros olhares nos dela; levantou-se desajeitada e pôs-se a traçar novamente seu trajeto. O trajeto é também missão. Missão doentia essa de percorrer o lodo, habitar todos esses traços encontrados, perder-se em caminhos opostos também pertencentes seus. O peso de cada passo, esmagando, moendo um pouco. Olhava amor, olhava rejeição, aquelas bestas estampadas nas folhas, repulsa, ódio, violência, escorrendo, desfacelando nas suas costas, cera quente corpo crostas dos maiores assimilos da história. Ela também matou Jesus na cruz, cuspiu na sua cara, sentiu fogo prazer o sangue do corpo fruto-bendito, amável, idolatrado, escarrado, pisado, sujo, morto. Prazer de impulso, sem saber porquês, penetras, lambes, uivos, vômitos, trepas com o próprio deus.
O caminho contínuo nas esquinas - um respiro.
Parou e de cara escadarias e cruz - igreja.
Passos a cima, à porta foi levada,
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