Eu queria somente a lembrança vaga e nostálgica de todos vocês pelo resto da vida. Evitar mais contatos, mais vivências a dois, três e todos. Esquecer dessa loucura que me assombra, os restos espalhados e recolhê-los, silenciosa, luz de inverno. Refazer-me e ter de lidar, a cara mais lavada, com essas baixezas e covardias. Aprender a conviver com os meus fantasmas, as suas projeções em mim - somente. Deixar o vento coisa fria envolver-me e ir removendo, aos poucos, lodos, parasitas, vermes, nevrálgicas marcas abandonadas como espinhos por debaixo dos dedos. Cansei de estar com o outro, o outro estar comigo sem inteirezas - nem ao menos as mais singelas - olhares, formas, banalidades.
Desejo, hoje, não estar mais aqui. Perder o paladar, voz, pele, carne, entranhas, útero, cérebro, coração. Desfalecer, tombar devagar, como uma árvore raízes fortes no chão mas machadadas violentas no tronco. E um rastro grama abaixada ser a única prova de minha existência vegetal parca, inerte, em fechada floresta de assovios, trapaças e canções.
O falecimento de vocês em mim libido espalhar suas cinzas no mar revolto do oceano azul cor púrpura.
Quero enviuvar-me de mim.
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