Sim, ontem elas tornaram-se fortes. Um amontoado de vozes, todas bem corridas, justapostas, gritando, berrando absurdos irreconhecíveis. No fim exclamaram: 'tudo bem', então saí do transe e percebi que estava luzes acesas sozinha. Por enquanto perturbadoras não são, percebo multidão de almas vazias tantas faces abafadas de mim, o gozo sufocado e poderia realmente convencê-las a vir ao lado de cá, mostrarem-se minhas. Minha convicção de vida não é tão certeira quanto à de vocês, até porque pele, face, osso, espinha dorsal caixa torácica coração envolto por estimulantes remédios e um pouco de desprezo é morte letal, veneno letárgico e prefiro estar além pairando por entre esses ruídos gritantes os meus medos os meus habitares monstros, as minhas agonias as minhas exatidões dúvidas pergunto ao velho: 'como posso não estar em beiras frestas liminaridades e ser inteira sem parecer-me esdrúxula, sem cansar-me de minha voz e palavras desgarradas escritas? Sinto que morro um pouco ao fim de cada risada, ao fim de cada acontecimento absurdo indecente inesperado e percebo agora que não são os outros, mas eu própria a geradora de meus infernos'. A certeza de saber minha responsabilidade o câncer gestado nas minhas entranhas a minha - sim, minha propriedade - dor calcada na recusa da carne nojo do que me forma - as minhas formas. E esse não se faz problema maior - já o foi -, mas a saudade de ser dessas questões constituídos os meus terrores e saber-me superfície larga e rasa. Sinto minha dor agora dentro de um rio e o corpo submerso e preciso de força para o pé no chão para que correntezas fortes não façam do meu ar alimento faltante. Viveria só com os gastos e restos, estaria armada das velhas experiências e sabedorias e sei, estaria aberta ao afogamento, mas na menor e menos drástica das formas. Agora temo estar caindo, folhas e galhos resvalam no meu corpo, escapam às mãos.
Sinto sua bondade, mas suas perversões me são mais caras.
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