Montag, Dezember 21

Essa coisa encarar-se,

As palavras fedem, empoeiradas que estão, habitam esquinas, denunciam falta de habilidade, falta de jeito, nulidades muitas até, mas persisto aqui, não posso deixá-las ao vento, não posso desgarrá-las, não permito, luto, esbravejo.
Um tema, é isso necessário, por deus, um algo que soe almas minhas. Sim, poderia lhes contar o meu ontem, como quando no banho, casa deserta, dei-me conta as solidões, aqueles horrores todos, os meus fantasmas ressurgindo das coisas bobas, minha infelicidade solitária essas frustrações. Assim é preciso para que tu vivas, não disse a poeta? Nesses vazios ocos mistérios e na tua ausência talvez me faça mais, eu que sempre desejei ser uma daquelas poeiras na vastidão do céu, perdida na imensidade porém estando com outras estrelas. Enfim, estava lá e corroía-me inteira, sem habitares, estando fundida ao oco, nada mais separava-me, eu era aquilo e não havia fuga. Quando experimento, conheço. Conheci e pensei - coisa bizarra essa. Tanto por vir, oxalá esses medos transformem-se. Lembrei do filme do Lars Von Trier, o ocorrido, o é daquela forma - não há fugas, meu bem, não basta conhecer, é estar de pé e de frente e suportar o pavor o gozo a morte a não-fuga a vontade de estar ausente sendo presente. Saí do banho aos prantos e derepente havia um espelho e no espelho havia uma imagem turva, contornos e eu aparecia e eu estava lá e eu de certa maneira não pertencia àquilo que via, era tão frágil não palpável tantas mentiras... Lembrei-me alguém: 'tenha força o bastante para encarar-se ao espelho e indagar-se a si'. Indaguei indagamos não é mesmo companheiras? Cheguei bem perto e olhei minhas pupilas retraídas um pouco maiores retraídas novamente, não aceitava aquela superfície toda que me cobria, não aceitava o longo dos dias, um dia é demais já por estar vivo, não é? Então porque me privas da eternidade e me mantém aqui, presa a um fio que sem sei nomear, presa a um sem-nome presa a lastros de existência um pouco vivida pacata inerte quase nada e muita raiva e muito pesar e de muita dor fez-se aquele diálogo, as vozes gritavam palavras soltas elas mandam eu deitar-me de vez em quando. O momento era aceitar o refletido, o que eu refletia - os meus olhos bem próximos negros mergulhei num vazio preto preto como o céu de fim-de-noite mas restrito ao corpo. O meu corpo ainda não habita o mundo.
Habitares, cantares, sopros, lágrimas, olhos nos olhos, corpo a corpo, tête-a-tête e saí pra dar um respiro na superfície. Coberta de lama, limpei um pouco o rosto,


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