Hoje, de perfil, vê seu rosto refletido nos olhos dos outros. Sente nojo do que se passa no de dentro de si e talvez no de dentro do outro. Sabe sim, sabe sina maldita essa que a acompanha quiçá tivesse pensado em um agrado em um desinteresse olhar descompromissado, derramar seu corpo sujo e pesado num abismo escuridão - já estivestes lá tantas vezes, o porco dos dias, porque não visitar novamente?
Não sei, de fato, pensar nessas loucuras que nos cobrem turvam o brilho opacidade, sempre gostastes de aparentar-se neutra, qualidades sobrepostas nas roupas tentando esconder o algo de divino o algo templo o algo coberto de tantas agonias, por deus, tantas cascas quinas encontros esconderijos entulhados abarrotados de coisas tem a sensação de que se furasse forte a barriga tudo espirraria, todo aquele líquido mórbido do caminhar dos dias, as suas sujeiras, o seu macado disse ordenou-lhe: por favor, manda-me enxotar todos os seus podres acumulados, todas essas pedras que faz questão de arrastar por cima de si, aposenta esses teus vícios, o passado precisa ser enterrado, querida, chore um pouco, faça um bem para si pelo menos uma vez, uma vez é preciso um a mais sei que estás exausta e não consegue dormir há dias como dormia antes, as coisas mudam, meu bem, provavelmente serás uma velha rabugenta se me deixares aqui empoeirando, peço que me dê aval de ação.
O senhor contou-me depois, olhando-me fixamente: o mundo não precisa habitar tão dolorosamente você. Sinta o leve do bater a água quebrar pedras ou jogue o mundo fora, se quiser posso ajudar-te nessa tarefa, posso apoio um tiquinho de água no deserto e só, o resto é com você, não posso interferir no seu mundo.
O meu mundo não é universo, é fechado, cercado ilusões essas que brincam e se fazem sérias derepente. Cubro-me de respiros esdrúxulos para evitar o sufocamento. Causa mortis - pensaste demais, meu bem, agora é seu corpo lá embaixo e vamos passear um pouco, conhecer o mundo sofrimento tantos desastres agonizos - mostras-te me o agonizo das pessoas do mundo naquele minuto. Um jovem gritou - pá. Um velho sorriu um pouco e foi fechando o olho devagar. Um senhor pediu socorro - encarava-se frente a frente consigo não tinha mais mulher nem filhos nenhum álibi - solidão de morte. Tantos piscavam, uns morriam vendo o céu, queria te amar muito agora, sabia? Gostaria eu mais forte menos frágil - acho que essas madrugadas têm me deixado um pouco zonza e fragilizada. Agora o inferno é estar enfrentar as fraquezas não tenho mais desculpas, acabaram-se todas, é fim de festa, não resta mais nada para ser no lado de fora, é juntar os restos e aproveitar as migalhas. Como é isso de construir paredes eu não sei, tantas coisas por saber, ignorâncias, os pecados por purgar, não sei de que deus eu falo, não sei dos meus afetos, meus amores, minhas paixões. Eu te sofri e enfiei nos buracos pregos redondos médios normais juntei um pedacinho de sua casa desabando. Tentei evitar suicídio de individualidade mas ela já começa a feder um pouco. De novo: passando com o rolocompressor eu lá embaixo tens medo de suicida mórbida de boutique ou pensas que isso é verdade? Nada sei do gozo do cotidiano, dos prazeres de massas, sempre em minhas costas o peso do rolo. Caminho um pouco, paro e deixo-me esmagar. Assim foi minha vida toda, interessante eu estar aqui cinco e quinze da manhã estar com você estar ausente sempre ausente há anos eu pergunto, trombo com pessoas algumas mais outras nada paro e rolocompressor fico estatelada, respiro um pouco e depois sigo caminhando, um pouco mais manca, devagar, descrente. Essa eufórica não sou eu eu não sou só desesperos e risos preciso de sensibilidade e aviões internos.
Meu nome quer dizer assistente de cerimônias religiosas.