Dienstag, August 31

Talvez naquela hora derradeira eu finalmente acreditei que os pressentimentos pré-morte vinham numa alada sensação corpórea, tato, cheiro, do daquela presença a circundar a sala vazia ao lado e logo após tal qual fumaça embriagar os ambientes todos. Sim, porque outro dia fui visitada - e nem me lembro antecedentes - por aquela dos nossos receios desconhecidos, e senti a presença na superfície, o seu toque acordando minhas células, exigindo instintos de sobrevivência, ser arisco, ser lugar-nenhum. Deu-se assim o estopim: deitada estava, pensamentos longe, descomprometidos e num momento abrupto sinto um toque no meu rosto, carícia de quem admira - na hora entendi que tratava-se da morte, não de foice, enegrecida, mas apenas uma passante-visitante. Fiquei quieta, esperando o que talvez tivesse a dizer. Porém, da mesma maneira que veio, foi-se. Acariciou-me inteira, toque aveludado, quente. Senti vontade de entregar-me àquilo, de ser levada à sua revelia, rodopiando aquela nova maneira de ver outros lados, outros olhares do mesmo. Viver madura, viver o tempo, vinculos desfeitos, andar pés no barro do divino.

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